Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/70

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ns, desde o chefe do Estado até os eleitores, desde os legisladores até os juizes, desde os tribunos até os jornalistas. O poder não é um antro: é um tablado. A autoridade não é uma capa, mas um farol. A política não é uma maçonaria, e sim uma liça. Queiram, ou não queiram, os que se consagraram à vida pública, até à sua vida particular deram paredes de vidro. Agrade, ou não agrade, as constituições que abraçaram o governo da Nação pela Nação, têm por suprema esta norma: para a Nação não há segredos; na sua administração não se toleram escaninhos; no procedimento dos seus servidores não cabe mistério; e toda encoberta, sonegação ou reserva, em matéria de seus interesses, importa, nos homens públicos, traição ou deslealdade aos mais altos deveres do funcionário para com o cargo, do cidadão para com o país.

Acabarem os povos não menos que como acabam os enfermos desenganados, ignorando o de que padecem, o que os ameaça, o em que estão na contingência de morrer, boa lei será para a moral dos tiranos e dos escravos. Mas as raças chegadas à maioridade e não resignadas à tutela dos interditos não se educam para o governo de si mesmas, senão examinando, sabendo e discutindo tudo. Aí, por agros e amaríssimos que sejam os assuntos ventilados, quando a verdade exige, muita vez se perderá por carta de menos, mas por carta de mais não há perder nunca.

Quanto mais robusta uma nacionalidade, mais largos os seus costumes no exercício desse direito. É um dos sintomas, por onde melhor