se revela, em qualquer comunidade, a sua boa saúde moral. As que não suportam com serenidade a discussão dos escândalos públicos, e não reconhecem o civismo dos que, para os desmascarar, se afrontam com o poder, o dinheiro, a soberba dos grandes, ainda bem longe se acham dessa autonomia, em que se lhe embala a vaidade.
Se nisto erro, se esta não é, realmente, a verdade certa e sem engano, morrerei então, já não há remédio, morrerei na ignorância dos meus deveres mais elementares. De todos eles, com efeito, o em que, desde o meu balbuciar na vida pública, tenho levado a mira, é nesse: não transigir com a força, o poder, ou o escândalo; falar dos crimes públicos tanto mais alto, quanto mais graduados sejam; romper com mão intrépida o sigilo, onde se encovam os vícios cortejados; trocar todos os cômodos pelos riscos de ser o missionário da verdade, quando em torno dela tropeia, de arco e flecha, na selvagem dança dos aborígines da república brasileira, a sanha dos nossos civilizados, os barbarizados da política nacional, os autores do retrocesso moral do Brasil e da estupenda ruína da Bahia.
Toda a vez que a imprensa ou a tribuna me solicitam, que para elas me atrai a corrente desse fluido irresistível na direção dos atos de minha vida, sempre se me formula dilematicamente o problema da minha atitude nestas duas alternativas: acamaradar-me com os dissimuladores das situações em que os interesses individuais conspiram contra o bem público?