ou servir a todo o transe o bem público, embora ire, arme e junte contra mim os interesses particulares? Por outra: amortecer a consciência sedenta de verdade com o sussurro das conveniências, sempre à mão dos nossos apetites e, a pedir por boca, ao alcance de todos eles? ou pôr a verdade e a consciência acima de qualquer consideração menos alta, dê no que der, suceda o que suceder?
Eis a questão. Eis o dilema. Ser, ou não ser. Ser ou não ser pelos mandamentos de Deus. Ser homem, ou animal. Ser espírito, ou coisa. Ser coração, ou ventre. Ser vontade, ou instrumento. Ser da minha pátria, ou da minha algibeira. Ser do Brasil, ou dos que o exploram. Não o “ser ou não ser” do monólogo de Hamlet, o ser ou não ser entre dois mistérios insondáveis. Mas o ser ou não ser entre duas soluções simples, ambas igualmente acessíveis à descrição humana, o ser ou não ser da lei, que já fulgurava nas tábuas do Sinai: Não levantarás falso testemunho. Isto é, senhores: Não mentirás.
A solução, pois, não era das que trazem atalhados e suspensos os grandes entendimentos. Quem quer que a quisesse, a tinha à mão de semear. Era a solução da obediência. Da obediência ao sumo preceito: não mentir. Era muito fácil. Jurei a mim mesmo essa obediência, e nunca tergiversei na lealdade a esse compromisso. Toda a minha vida pública se resume neste lema: não mentir.
Para não mentir ao Império, levantei-me contra a política, em que ele teve a sua