Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/73

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sepultura. Para não mentir à República, organizei-lhe o regímen nessa Constituição, onde ela teria as garantias de sua realidade, se a quisessem observar. Para não mentir à Constituição, lutei, desde os Florianos até aos Hermes, contra os que a ignoraram, a corromperam, a estragaram, a destruíram. Para não mentir aos país, tenho adotado por norma da minha linguagem essa independência e intransigência, que me converteram no alvo dos ódios da máquina republicana. Para não mentir aos meus próprios votos de não mentir, magôo, desgosto, e, muitas vezes, me inimizo com as próprias causas, por cujos mais elevados interesses me abnego, e sacrifico.

Amizade, amor, não os sei entender senão como no-los dita a natureza melhorada, nas lições divinas: Quos amo, arguo et castigo. A quem amo, advirto e corrijo. Não sei praticar de outro modo o verdadeiro bem-querer. Assim pratico o dos a quem mais amo. Assim tenho praticado o de meus filhos. Assim praticaria hoje o de meus pais, se o Senhor me houvesse dado a graça de os ter comigo, numa idade em que meu juízo pudesse medir forças com os deles. Quos amo, arguo et castigo.

Concordar e amimar nada custa. Contradizer e aconselhar, isto sim. Amantes nunca dissentem um do outro. Mas esposos, que não se saibam contrariar e advertir, é que não se sabem amar. É o que vai do amor lícito ao ilícito, do amor puro ao impuro, do mundano amor ao amor santo. Um, todo carne, todo culpa, nasce do apetite, nele se ceva, e com ele acaba. Por isso é só blandícias, lisonja só e só