Página:A imprensa e o dever da verdade (1920).djvu/74

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mentira todo ele. O outro deriva do coração, e no espírito se acendra, pelo que vive de sinceridade, zelo e devoção, e todo ele é fé e confiança, todo estima e desvelo, todo escrúpulo e verdade. Esta a condição do amor casto, do amor fiel, do amor consagrado: o amor dos pais, o amor dos bem-casados, o amor da pátria, o amor de Deus.

Querem, agora, os que o não entendem, nem de o entender são capazes, fazer do amor da pátria um amor de impureza, o amor concubinário, amor de adulação e falsidade: amor dos sentidos, amor de alcova, amor de comércios clandestinos e hábitos cortesãos, amor de cobiça, imoralidade e ruína.

No pervertido sentir desses homens, a pátria não é a mãe adorada pelas suas virtudes, a imagem do pudor, e da nobreza e da honra no coração de seus filhos, a imaculada e inodoável, aos olhos deles, no seu respeito, idolatria e orgulho. Não. É a corrupta, a quem se desfrutam encobertamente os vícios, mas de que uma convenção hipócrita nos obriga a celebrar em público melindres, pudicícias e santidades.

Este sistema, que constitui a essência, a quintessência, a ultra-essência da mentira, lhe dá uma organização análoga a uma dessas indústrias de duas caras, com uma das quais se exerce o comércio honesto, com a outra um tráfico vil e obsceno. Com o rosto que olha para a rua, a mercancia honrada. Com o que diz para os fundos, a pudenda. Na seção reservada, um prostíbulo. No lado aparente, uma catedral. Ali os desvãos íntimos, os esconderijos seguros,