ANALYZAR a psyche portuguesa nas suas exteriorizações femininas, traçar o perfil, contar a vida de damas illustres, mesmo que não seja em volumosos estudos, mas apenas em esboços ligeiros, não é empresa facilmente realizavel.
E' bella, vasta e muito variada a galeria das que se salientaram na historia patria, tornando-se notaveis quer por qualidades de espirito pouco vulgares, quer por acções inclytas, ou apenas pela sorte ora tragica, ora commovedora que soffreram, ou emfim pela aureola de luz com que poetas por ellas inspirados cingiram as suas frontes.
Os materiaes para executar reconstrucções solidas são todavia escassos. Ha penuria de documentos authenticos e informações concretas e precisas; principalmente com respeito ás intellectuaes. De pouquissimas existem retratos fidedignos.
E o que é peor, nem uma só legou á posteridade confidencias intimas em Memorias, Confissões autobiographicas ou Cartas familiares — janellas da alma que revelam consciencias, segundo o dito de um afamado critico francês. Rarissimas são tambem as que escreveram obras de phantasia, em que, sob nomes de convenção, se retratam a si proprias, ou pelo menos espelham o caracter, a physiognomia mental, o seu mundo affectivo, o credo philosophico que professaram.
Só á luz de acontecimentos, mais ou menos documentados, e
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