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chamam ali, que eram uma fonte de confórto estético e hijiénico, para as converter em campos de cultura, que sejam fontes de alimento. Na fórmula politico-económica de lord Grey, resumem-se conselhos, ditados para o seu poderoso paíz, mas que a nós tambem nos aproveitfam como salutarissima advertencia.

II

Ao entrarmos na guerra, duas preocupações essenciais nos impendem: adestrar combatentes para os campos de batalha e mobilizar cultivadores para os campos de cultura. A face do problema, porém, que mais nos deve interessar, pelas nossas condições geográficas e pelas exijencias economicas da propria guerra, é realmente a duma intensissima produção agricola, não só para que nos não falte o necessario para a manutenção enerjética das nossas forças senão tambem para que se acresça o fornecimento aos belijerantes, a cuja causa nos associámos, para o combate ao inimigo comum. Produzir o maximo que possâmos—eis uma poderosa ação adjuvante, para os nossos companheiros de luta, e uma eficaz ação preventiva, que nos garanta o equilibrio financeiro, quando a guerra acabar. A alta nos preços dos diversos generos da produção agrícola do paiz, provocada pela exportação que a guerra desenvolveu, deveria valer, por si só, como incentivo suficiente para desenvolver tambem a cultura dos nossos campos.

A ambição de bem-estar, que a riqueza proporciona, não é, porém, a nota carateristica da alma da nossa população rural, que não está na altura de compreender que essa intensificação produtiva lhe compete, além disto, como um dever patriótico de defeza económica. E, para mostrá-lo com o proprio aumento da circulação monetária, que ora se faz no interior do nosso estado, não é precizo mais do que referir o facto do dispendio imoderado e estulto do dinheiro, que hoje lhe corre mais abundante pelas mãos, num jôgo absorvente e folganças desregradas, de maneira que, passado o tempo das vacas gordas, decerto lhes ha-de voltar, com a fatal