—Ai, muito. Eu sou doida por estás coisas de lavoura; bem sabes.—E, mudando repentinamente de tom, accrescentou:—Ora vamos, Christe; não te zangues commigo.
—Não, mas é que ás vezes não te entendo, a falar verdade. Vens com umas coisas que mettem raiva—respondeu-lhe Christina, sempre agastada.
—Já estou arrependida; peço perdão. Fala lá á tua vontade no primo Henrique, fala; que eu não contarei as vezes que o fizeres.
Christina reproduziu o gesto de impaciencia.
—Agradeço a tua generosidade, mas já não tenho maïs que dizer d’elle agora; por isso...
—Pelo menos completa a duzia.
—Lena! Então! Olha que se continuas com isso, fazes-me sair d’aqui.
—Sempre queria que te vissem agora, Christe, esses que andam por ahi a gabar a docilidade do teu genio, as branduras da tua indole; queria que te vissem essa cara arrenegada, para saberem que tambem ha um acidozinho na tal doçura... Mas fazes-me a graça de só para mim teres d’essas franquezas.
Christina sorriu, ainda que não de todo aplacada, ao ouvir está reflexão da prima.
—E não sabes a razão d’isso?—respondeu-lhe ella—a razão é o genio que tens, Lena. O teu gôsto é mortificares uma pessoa. Não ha santo que não perdesse a paciencia comtigo.
—Que injustiça! que ingratidão! Eu, que sou a victima das tempestades que o teu genio pouco expansivo te junta no coração a todo o instante! Se alguma coisa te faz chorar, guardas as lágrimas para o meu quarto; se te irritam, vens desafogar as tuas cólerazinhas sobre a minha cabeça. E pagas-me assim!
—És muito infeliz commigo. Pobre Lena!
—Vamos, vamos, Christe! esquece o que eu disse ha pouco. Não te posso vêr assim.—E tomando