d’esta noite tradicional. E n’aquelle anno sobretudo as festas das consoadas deviam ser coisa falada, graças ao plano de D. Victoria de reunir no Mosteiro a resumida familia de Alvapenha; plano que vimos approvado por acclamação por toda a assembleia presente.
D. Dorothéa veio effectivamente na companhia de Henrique de Souzellas e de Maria de Jesus.
Foram recebidos no Mosteiro por uma completa ovação das creanças.
D. Dorothéa viu-se litteralmente enlaçada em braços infantis, que lhe tolhiam os movimentos e que, dizia ella, quasi ameaçavam asphyxial-a.
Tudo isto dava motivo a exclamações e risos, que inauguraram um estado de coisas, o qual nunca mais devia cessar aquella noite.
A balburdia, a azafama festiva que ia no Mosteiro é indescriptivel. Na cozinha, nas salas, nos corredores tudo era movimento e ruido.
Aqui eram as creanças jogando, a pinhões, o «par ou pernão» e o «rapa», jogos popularissimos e de occasião, que, de tão conhecidos, dispensam o trabalho de descrevel-os. Estes jogos, como é de prever, não se executavam sem um concurso de vozearia e de algazarra, que desafiava a impaciencia de D. Victoria, a qual, segundo o costume, ia, pelo que se passava na sala, ralhar com os criados á cozinha.
No aposento immediato ao quarto de D. Victoria, armára-se o presepe, deante do qual ardiam seis vélas de cêra em castiçaes de prata maciça.
As duas velhas senhoras, D. Dorothéa e D. Victoria, encetaram logo no principio da noite uma longa e devota reza, meio recitada, meio cantada, a qual se continuava com uma interminavel enfiada de Padre-Nossos e Avé-Marias, a que respondia, em côro, a parte feminina, da familia, as creanças e as criadas.
Corypheu era a senhora de Alvapenha, que em