uma aldeia, villa ou cidade pequena, a presença de uma cara estranha.
Formam-se-lhe logo no espirito mil conjecturas, e a mais inquieta curiosidade instiga-o a decifrar a significação d’aquelle apparecimento.
Isto aconteceu com o Cancella.
Desde que avistou os desconhecidos, que dissemos, não tirou mais os olhos d’elles. Eram tres em numero, traziam grandes botas, e largos chapéos, mantas ao hombro, usavam bigodes e lunetas escuras.
— Passaros de arribação... — pensava o Herodes comsigo — que vento traria isto para aqui?
E, chegando-se mais de perto, saudou-os cortezmente.
Um d’elles dirigiu-lhe a palavra:
— Olá, ó amigo, onde ha por aqui uma casa habitavel, em que nos alojemos?
— Por pouco ou por muito tempo, meu amo?
— Por o tempo que levar a construir uns quinze kilometros de estrada.
— Ah! então v. sr.as são engenheiros?
— Julgo que sim.
— Então, visto isso, as estradas sempre vão principiar?
— Antes de arranjarmos casa em que fiquemos, de certo que não.
— Ai, sim, querem uma casa... Eu lhes digo, não tem nada que saber; os meus amos vão por ahi sempre a direito, e lá adeante, chegando ao pé de uma oliveira, tomam á sua mão esquerda por um caminho estreito, que tem uma cancella no fim; depois, logo que virem uma nora, carregam á direita, seguem sempre ao lado de um muro branco, até chegarem á eira; ahi tomam por um outro atalho, que está ao lado e vão dar a um larguinho... Depois não tem que saber, deitam pela rua em frente e perguntando alli pela estalagem da Mouca, logo lhe dizem.