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Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/411

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— Pois não, não; elle está alli, está na rua.

— Diz-se que o soltam á fiança.

— Não pode ser; aquelle crime não tem fiança — ponderou um fazendeiro, que se tinha por muito visto em demandas e coisas de justiça.

— Ora adeus! com o que vossê vem! Querendo elles...

— Aquillo parece uma seita.

— E ainda ahi está? Pois já se sabe que elles são pedreiros-livres.

— E o tal lisboeta?

— Esse, então, é que é d’aquelles!

O sr. Joãozinho pestanejou, ouvindo falar de Henrique.

— Ah! é do tal petimetre que falam? No tal que foi para a igreja caçoar com o missionario? Sempre vossês são uns homens de lama, tambem! Ó Cosme — continuou, voltando-se para um alentado camarada que estava ao lado d’elle — olha aquillo comnosco, hein? Onde estaria o amigo?

O valentão sorriu modestamente, encolhendo os hombros.

— Pois, senhores — proseguiu o brazileiro, que não queria deixar arrefecer o enthusiasmo e a irritação do publico — hoje decide-se a coisa... D’aqui a uma hora está enterrada a pequena e depois... o uso faz lei.

— Isso é que é verdade — secundou o Pertunhas.

— Faz lei emquanto eu me não lembrar de ir desenterral-a — respondeu, cada vez mais azedado, o sr. Joãozinho

— Não; isso lá mais devagar — acudiu o brazileiro — vossemecê bem sabe que, estando ella no mausoléo do conselheiro...

— Importa-me cá o mausoléo? O senhor está a ler. Eu com um empurrão arrumo aquella platafórma a terra. Ó Cosme, olha nós, hein?

O Cosme tornou a fazer o mesmo gesto expressivo.