uma perfeita georgica! E elle a dirigir todos os trabalhos, a regular o serviço, verdadeiro patriarcha ao modo antigo; e ao seu lado, e em toda a parte, á sombra de uma arvore, á borda do tanque, debruçada no muro, por entre os silvados das sébes vivas, uma figura suave, casta, adoravel... a figura de Christina!
Quem mezes antes adivinharia que Henrique de Souzellas, o homem élégante, o homem da moda, em quem estavam encarnadas todas as qualidades boas e más da sociedade que frequentava, havia de ter uma visão como está!
No quasi extase, em que a imaginação o lançára permanecia ainda, quando soube que o procuravam de mando das senhoras do Mosteiro.
Apressou-se logo a receber a visita.
Era o velho Torquato que vinha saber d’elle, de mando de D. Victoria e das meninas.
O pobre homem era um dos que ficára com affeição a Henrique depois que estivera no Mosteiro.
Henrique ouvia-o com uma paciencia, que elle já em poucos encontrava, contar as longas historias dos seus tempos passados, e isso era o bastante para o velho lhe querer bem.
—Diga ás senhoras que eu mesmo irei ralhar com ellas, pelo incómmodo que estão tendo commigo. E vossê tambem, Torquato, na sua idade, estes passeios.
—Ai, não tem dúvida! Isto faz bem... É exercicio a final... Pois é verdade. Eu d’antes corria a aldeia toda n’um minuto... agora... Olhe que eu já tenho os meus annos! Veja lá, se no tempo dos francezes eu era já homem feito... Inda me lembra...
Seguiu-se um episodio da época, e depois, sem transição sensivel:
—Mas lá emquanto ás senhoras... Isso sempre devo dizer que teem tomado um cuidado!... Todas!... Até a Christininha!