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Página:A morgadinha dos canaviais.djvu/522

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de lhe recommendar discreção. E, quando nos virmos, peço-lhe que me não torne a falar nos laços em que diz que eu estou a prender o coração. Mette-me mêdo. — Sua amiga, Lena

Esta era uma das mais remotas em data. Outras diziam:

«Meu amigo. — Hontem separámo-nos[1] de tão mau humor, que hoje acordei com remorsos, e não pude socegar emquanto lhe não escrevi para lhe pedir perdão. Espero que perdoará a este rebelde genio que tenho.

«Mas tambem para que me está sempre a ralhar? Não se assuste pelo meu coração; o maior perigo que o tio Vicente receia para elle, faz-me sorrir. — É o de me apaixonar? — Então que tinha? Não sonhe com nuvens, e vá representando o seu papel de adivinho, que é uma generosa acção que pratica. — Sua arrependida inimiga, Lena

«Meu bom tio. — Ahi vão uns livros, de que eu não entendo nada. Augusto falou d’elles ao filho do administrador, que veio de Coimbra. Conheci n’elle desejos de possuil-os. Tomei nota. O Angelo remetteu-m’os hontem. Para Augusto não desconfiar, finja atraiçoar um pouco o mysterio, e fale no filho do administrador. Do mais, já nada digo.»

A de mais recente data dizia apenas:

«Tio Vicente. — Pensei no que me disse do estado do coração do seu... do nosso amigo. Parece-me que exaggera. Mas, se fôsse verdade, podia tranquillisar-se. Eu lhe afianço que d’ahi nunca para elle virá a infelicidade. No entretanto, discreção por ora. — Sua affeiçoada sobrinha, Magdalena

Por a amostra, que lhe damos, o leitor não deve

  1. "saparámo-nos" no original, erro tipográfico.