Christina que, havia muito, defronte de Magdalena, fazia esforços por lhe chamar a attenção, resolveu-se a falar-lhe.
—Lena—disse ella—que te parece a lembrança que teve ha pouco a mamã?
—A das consoadas? Excellente.
—Não, menina, a do passeio á ermida.
—Ah! Excellente tambem. Marquemos já o dia.
—Quando queres?
—Depois de ámanhã, que é quinta feira.
—Seja.
—Que diz, primo Henrique?
—Quando quizerem, primas; agora mesmo...
—Mas, veja lá, atreve-se a fazer uma madrugada?
—Pois não viu hoje?
—Ai, pois não! Na aldeia não se chama isso uma madrugada. É preciso que se levante ás horas, a que se deitava na cidade.
—Que estás a dizer, Lena?—acudiu Christina.—Deixa-a falar. Basta que saiamos d’aqui ás cinco horas.
—Esta innocente Christina! Pois não é o mesmo que eu digo? Pergunta ao primo Henrique se tinha costume de se deitar maïs cêdo em Lisboa.
—Engana-se, prima Magdalena; lembre-se de que, ha perto de um anno, sou valetudinario.
—Ai, é verdade, que me tinha esquecido. O que vejo é que ha por aquí muita indolencia.
—Quem a ouvir falar, ha de julgar que será ella a maïs madrugadora; ora havemos de vêr—disse Christina.
Magdalena poz-se a rir.
E o passeio ficou ajustado. A morgadinha lembrou que se convidasse Augusto, por ser conhecedor do sitio e poder mostrar os maïs bellos pontos de vista.
Henrique saiu finalmente da quinta do Mosteiro, já retardado uma boa hora ao que prometterà á tia Dorothéa.