admittem obra sem arte e arte sem verdade.
Como vêem a tarefa não era das mais faceis. O trabalho, porém, seria bem remunerado, ficando-me ainda a propriedade do romance e o direito consequente de publical-o em volume.
Ora, eu, que precisava repousar um pouco o espirito num romance de phantasia, e que, de muito tempo a essa parte, sentia falta de um adversario litterario, cujas obras, francamente romanticas, servissem de activa e fogosa opposição aos meus tranquillos, pacientes e cansativos estudos do natural, obtidos a frio esforço de observação e analyse, lembrei-me de fazer guerra a mim mesmo e aceitei a proposta da Gazeta de Noticias, com a condição unica de substituir o meu nome pelo pseudonymo de Victor Leal.
O publico estava propenso a acreditar na existencia de um escriptor muito moço e romantico chamado Victor Leal. Olavo Bilac e Pardal Mallet tinham já feito, de collaboração e em segredo, uma complicada phantasia intitulada O Esqueleto, que, com aquelle pseudonymo, haviam publicado naquella mesma folha.