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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/137

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Deus, minha desgraçada irmã, todo o teu amor de mulher! . . . Ama-o! ama-o extremosamente, e no seu peito de pai encontrarás perene manancial de consolações! Sê honesta, e serás feliz! . . . Se tens medo de ti mesma e dos que te cercam, recolhe-te a um asilo religioso e faze-te monja! E principalmente nunca mais tornes aqui, nunca mais me procures ver, se queres possuir o meu amor de irmão e o meu reconhecimento de sacerdote. Vai, e não tornes nunca mais. Adeus.

Dito isto, voltou-lhe as costas e afastou-se vagarosamente, como tinha vindo.

— Ângelo! exclamou ela com a voz suplicante.

Ele virou-se, pôs o dedo nos lábios, impondo silencio, e saiu.

Alzira, ainda de joelhos, conteve-se um instante; depois ergueu-se e precipitou-se de carreira para alcançá-lo.

Mas a veneranda figura de Ozéas cortou-lhe a passagem, surgindo-lhe de improviso pela frente.

A formosa cortesã estacou defronte daquelas barbas brancas, abaixando a cabeça e cravando os olhos no chão.

Ozéas, sem dizer palavra, alongou o braço, apontando-lhe a saída, e quedou-se imóvel nessa postura, até que ela desapareceu, lenta e silenciosamente.