talvez o arrependimento! Fale, minha irmã!
— Não! não sofro pelos delitos cometidos, não sofro pelas mortes que provoquei: sofro porque te amo, Ângelo! porque te amo loucamente!
E quis chegar-se para ele. Ângelo tornou a apontar-lhe a saída.
— Retire-se! Eu pedirei a Deus que se compadeça dos seus desvarios...
— Oh! eu te amo! eu te amo! eu te amo! soluçou ela, caindo novamente de joelhos, e procurando beijar-lhe a fímbria da samarra. Amo-te: eis o meu crime! Eis a minha grande culpa! Perdoe-me, já que tens um coração de santo! Sei que devia esconder o meu segredo e morrer com ele fechado dentro dos lábios!. . . Sei que nenhuma esperança tenho de ser algum dia correspondida no meu desgraçado amor, porque nada mereço de um ente tão puro como és!... Mas perdoe-me! sou uma fraca mulher que nunca a mais ninguém amou, e tu o homem que pela primeira vez me acordaste o coração, e me encheste a alma de sonhos de ternura! Perdoe-me, se te amo tanto, Ângelo.
Ele escutava-a, imóvel e pálido como um cadáver. Não se lhe percebia nas feições a luta homicida que se lhe travava na alma.
— Se me amas... disse, quase em segredo cumpre com o que te vou pedir. Volta para