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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/135

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do que nunca, assim humilde e triste sob a dura violência daquelas queixas de amor.

— Ó meu Deus!. . . balbuciou Ângelo de si para si, abaixando os olhos, como se estivesse defronte do demônio. Ó meu Deus, dá-me coragem! dá-me coragem!

E recuou alguns passos, estendendo o braço, como para isolar-se daquele abismo.

Nesse instante, Ozéas acabava de surgir ao fundo da capela, observando os dois, escondido por detrás de um altar. Seu peito arfava tão convulso como o peito de seu filho, mas nele o sobressalto era de outra espécie.

Ângelo, todavia, parecia calmo e senhor absoluto de si mesmo. Apenas o traíam a súbita palidez das faces e um ligeiro tremor de lábios.

— Creio, minha irmã, que nada mais tem que fazer aqui. . . disse ele pausadamente, apontando-lhe a saída. Queira retirar-se... não é este o lugar que convém às suas lágrimas... Vamos... saia, e, em benefício de sua própria alma, não torne a cometer semelhante desatino, que a faz muito mais culpada do que todas as outras maldades cometidas. Vamos! Retire-se! Este sagrado e tranqüilo recanto pertence somente aos arrependidos que sofrem!. . .

— Mas eu sofro! exclamou ela. Eu sofro muito! sofro infernalmente!

— Sofre?! inquiriu o padre, transformando-se. É