no perfume dos seus cabelos, no farfalhar do seu vestido, na tentadora luz de seus olhares!... Parece-me que, ao voltar-me, darei com ela, face a face, a sorrir-me de amor e a estender para mim seus braços pecadores. . .
E atirou-se de joelhos defronte da Virgem com a cabeça pousada no rebordo do altar. Depois ergueu o rosto, e, de mãos postas, tentou dizer uma oração. Mas o seu espírito não acompanhava a religiosa palavra que seus lábios proferiam, e o desgraçado, louco de desespero, deixou-se cair por terra, soluçando, estendido ao longo do chão, como um cadáver.
Perdeu os sentidos.
Lá fora a tempestade continuava, roncando no espaço.
No fim de algumas horas, Ângelo passou da síncope ao sono, e começou a sonhar:
— Alzira minha amada... sussurrava ele, entreabrindo os lábios; teu rosto é formoso como o rosto da Virgem, teus olhos são como os dela— fonte de amor e de ternura, são negros, são doces, augustos e suplicantes; teus cabelos cor de ouro valem pelo seu diadema de rainha dos céus, a carne do teu colo é tão macia como o cetim do seu manto constelado. . . mas eu não te posso dar o meu amor, adorável pecadora, porque me casei com a igreja e dei o meu coração a Maria. . .