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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/163

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— Não, senhor cura, muito obrigado, agradeceu aquele, detendo o pároco. Não queremos agasalho, temos até de voltar incontinenti!. . .

— Por este tempo?. . . observou Ângelo.

— Viemos pedir a vossa reverendíssima para ir dar a extrema-unção a uma agonizante, que a reclama com insistência

— Pois não! pois não! respondeu o padre, correndo a tomar o chapéu e a capote. Estou pronto! Vamos! Onde é?...

— Logo ao entrar na avenida de Blancs-Manteaux, castelo d'Aurbiny.

— Avenida de Blancs-Manteaux! exclamou a criada que até aí estivera de mãos nas cadeiras, a sacudir a cabeça furiosa. Quase uma légua de distancia! Isso não pode ser! Não consinto!

Ângelo foi ter com ela e disse-lhe em voz baixa:

— Cale-se, boa Salomé. . . Não me queira desviar das minhas obrigações!

E foi ainda lá dentro buscar o necessário para dar a extrema-unção.

— Mas é uma imprudência o que o senhor vigário quer fazer! . . . insistiu aquela. Sair de casa a estas horas e com este tempo!. . .

Ouviu-se um trovão.

— Valha-me Deus! exclamou ela. Os caminhos com certeza estão piores que o mar!

— Trouxemos um cavalo para o senhor cura.