Saltar para o conteúdo

Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/188

Wikisource, a biblioteca livre

E procurou recordar-se). Não consigo lembrar-me do que eu fazia ontem à noite antes de adormecer. . . Recordo-me que pensava muito em Alzira, tanto que me pus a rezar defronte da Virgem, mas. . . a Virgem transformou-se em Alzira. . . Estaria já sonhando, ou tudo isto já seriam alucinações do meu delírio?.. . Depois era Alzira que tomava as feições da Virgem. . . Sim! lembro-me perfeitamente. . . Depois, sonhei que bateram lá fora e sonhei que Salomé me acordara... Surgem-me dois homens vestidos de negro e pedem-me para ir dar a extrema-unção a um moribundo... Vou... A noite era tenebrosa e só os relâmpagos nos iluminavam a estrada... Galopamos não sei quanto tempo. . . afinal paramos defronte de um velho castelo; subo... Receberam-me três cavalheiros... Aproximei-me de um cadáver... reconheci

Alzira... Apertei-a nos meus braços. . . Ela voltou à vida... pediu-me um beijo e... morreu! Depois... (E procurava recordar-se.) Depois... nada mais me lembro, senão que acordei já tarde, naquele quarto, sobre a minha cama... Foi tudo um sonho, não há dúvida! . . .

— E, no entanto... acrescentou ele, apalpando a fronte e as mãos; no entanto, dir-se-ia que ainda conservo o frio que me comunicou o cadáver!... É singular! muito singular!. . .

Despertou deste devaneio com a voz de Robino,