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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/198

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encanto num rico vestido de castelã da época, e o seu porte readquiriu a primeira graça fascinadora.

Ângelo ergueu-se deslumbrado, e viu com surpresa que a sua pobre sotaina também se transformava nas belas roupas de um cavalheiro nobre, e que seu corpo readquiria destreza e força.

— Que é isto? exclamou ele.

— É uma das vantagens da nova existência que te ofereço. Agora já não és um miserável cura de aldeia, és um homem, és livre, és senhor do teu corpo e de tua alma! Correrás comigo o mundo inteiro! Ao meu lado conhecerás todos os gozos, todas as paixões, tudo enfim que na outra vida representa os prazeres que te são vedados!

Ângelo passou-lhe o braço na cintura.

— Sim! sim! disse. Eu irei contigo! Quero gozar! Quero viver!

E uma larga estrada maravilhosa abriu-se defronte deles, onde dois negros cavalos, esplendidamente ajaezados, impacientes os esperavam relinchando.

— Vamos! Vamos!

Ângelo e Alzira montaram e partiram agalope.