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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/206

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momento por defronte dos seus olhos:— Olha! Vês esse par que aí vai, conversando em segredo?... E' Cleópatra e Marco Antônio. Assim conversam há vinte séculos!. . . A outra que os sucede, enternecida e chorosa, é a imperatriz Teodora; a sombra que lhe beija os cabelos, é a sombra de Adriano. Amam-se ainda!. . .

— E aquela outra?. . . indagou Ângelo, mostrando um belo espectro coroado de rosas vermelhas.

— E Valéria, explicou Alzira.

— Valéria?...

— Sim, a infame e formosa Messalina. Supunhas talvez que a infeliz não tivesse ninguém para a acompanhar neste mundo ideal do amor!... Enganas-te; aquele que a segue, de olhos baixos, e cujo coração vês ainda palpitar sangrento através das brancas cavernas do peito, é o seu gentil escravo Ismael, a quem ela deu a virgindade do corpo, justamente na primeira noite do seu casamento com Cláudio.

E voltando-se para outro lado, acrescentou:

— Olha lá Aspásia e Alcibíades, Dido e Enéias, Safo e Faon. Vê como cada qual desliza esquecido no seu amor. . . Ali vem, prosseguiu ela, a linda e desditosa Gabriela; anda à procura da sombra de Henrique IV! Aquela outra é Laís; acompanha-a o esqueleto de Diógenes, trazendo ao pescoço a sua lanterna para sempre apagada. . .