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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/271

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ambas um mistério?. . . Saberei por acaso o que eu era antes de nascer e o que serei depois da morte?. . . De onde vim?. . . Para onde vou?. . . Eis o mistério!. . . A vida, qualquer que ela seja, não será sempre um ligeiro sonho que se esvai entre dois nadas? Sair de um ventre de mulher, para entrar no ventre da terra! . . . Eis tudo o que se sabe! . . .

E começou a espacear pelo quarto, gesticulando.

— Sim! Qual das duas vidas será a verdadeira?... Qual das duas será mentira e sonho?... Poderei afirmar que existo nesta?. . .

E começou a apalpar as mãos, e a estorcer, uns contra os outros, seus dedos magros e pálidos.

— Este meu corpo será com efeito meu, e será com efeito um corpo?. . . Ele com efeito existirá?. . . Eu o estarei vendo, ou tudo isto será ilusão?... (E apertou com força, entre os dedos, a carne do seu braço.) Todos estes objetos que me cercam, existirão com efeito?... Sim! Eu os vejo! eu os apalpo! Eu os sinto com o meu tato!

Salomé, que entrara com a merenda, estacou a olhar para ele. desconsoladamente.

— Que estará o senhor vigário a fazer às voltas com aquela cadeira?... resmungou ela, notando que Ângelo tinha uma cadeira erguida nas mãos e a examinava com suma atenção. Parece admirar uma raridade! . .