Saltar para o conteúdo

Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/278

Wikisource, a biblioteca livre

— Então fala!

— Ah! se soubesses quanto eu sofro!.

— E não obstante ainda há pouco sustentavas o contrário. . . Bem vês que tenho razão!. . .

— Sim, mas, por amor de Deus, não exija que eu fale!...

— Ao contrário, quero que me abras o teu coração com toda a confiança, quero que mo despejes em confissão, como o fazias dantes!

— Mas é tão estranho o que se passa comigo!. . .

— Conta-me tudo!

— Sou um imperdoável pecador!

— Maior serias se não me falasses com sinceridade! . . .

— Sou um desgraçado!. . .

— Não tanto, como se eu não estivesse agora a teu lado, disposto a salvar-te!. . .

— Mas o meu crime é traiçoeiro. . . só se apodera de mim durante a inconsciência do sonho. ..

Ozéas, fixou-o, e, concentrando a atenção, disse depois surdamente:

— Continua...

— Vou dizer-lhe tudo com franqueza!...

E Ângelo olhou para os lados, e acrescentou, abafando a voz:

— Vou contar-lhe tudo. . .

— Fala, meu filho. ..

— A perturbação que eu senti no dia em que me ordenei, era com efeito causada por uma mulher. . .