quero. Traze tu o teu rebanho branco, e iremos, nós juntos, apascentá-lo muito longe pelas campinas, até que morra o sol e a noite chegue sacudindo os cabelos orvalhados de estrelas.
"Junta-te comigo, que eu sou o mel de que teus lábios gostam. Bebe a doçura da minha boca, e tu me pedirás o favo inteiro.
"A asa procura a flor, porque a flor esconde o mel doce nos seus seios. Vem; vem e fecha nas tuas asas de sol as pétalas do meu desejo.
"Desce donde estiveres, vem, que te espero eu, sem poder fechar o meu tormento, enquanto não chegares para me amar.
"Mas quem és tu, amado de minha alma, que meus olhos te não distinguem por entre as sombras da minha vida, nem meu braço te alcança, quando de noite te busco nos meus sonhos?. . . Quem és tu, amada visão, que eu busco e que me acompanha?. . . Quem és tu, que te evoco e me não vales, quando todo meu desejo é que me desejes e me tenhas?
"Minha porta dorme tão aberta como meu peito. Meu leito não tem muros, e meus braços não se cruzarão para o teu encontro, posto sejas tu o senhor e eu escrava que te espera.
"Tu me reconhecerás na sombra, se chegares; basta que ponhas a mão sobre minha carne. E isso será um selo para que tu nunca mais me percas.