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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/42

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meu coração. Tua cabeça é como a espiga de ouro que o sol beija de manhã, pensando que beija a mesma cabeça de seu filho, os teus cabelos são como as fibras que as palmeiras choram, quando lhe arrancam as pencas dos seus frutos que elas produziram. São leves, macios, correntes e ondulosos, são como os cabelos do milho doce, e mais doce que o mel gostoso da flor da banana.

"Eu te amo, porque tu és formoso. Mira-te, tu, nos meus olhos amorosos, e verás se te mentem minhas palavras. Não me fujas como a ave que deseja a irmã sozinha no ninho, sem o companheiro para cobrir os ovos. Teu rebanho não se perderá na montanha, enquanto tu dormires com a cabeça entre meus peitos de amor.

"Vem, amado meu. As nossas noites serão como os regatos tranqüilos, em que se abrem os nenúfares, brancos e perfumados como sonhos de amor. Teus lábios serão dos meus lábios, teus cabelos serão dos meus cabelos, teu seio do meu seio, como a raiz é da terra, como a flor é da abelha. Vem, põe a cabeça em cima de mim e dorme o teu sono, que eu também dormirei, mas desfalecida de amor. Dá o teu último pensamento vivo para os meus lábios, para que eu o guarde dentro de mim, e te o restitua depois na tua boca. Fala-me para dentro, e minha alma te ouvirá cativa e amorosa.

"Conjuro-te, amado meu, que desças da montanha pelo teu pé e venhas até a mim, que te