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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/62

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uma torre de cristal, invulnerável e incorruptível, mas tão alta e tão sólida que ligasse a terra ao céu e o homem a Deus!

Dito isto, calou-se por um instante; depois sorriu para o atento grupo que o cercava silencioso, e acrescentou, pondo-se de pé e abrindo os braços, na galante reverência de uma quase mesura:

— Ora aí tem, meus adoráveis amigos, tudo o que sei de fonte pura a respeito do singular moço, que tão formidável impressão deixou sobre Paris na quinta-feira santa.

Alzira quebrou o seu silencio para perguntar, com os olhos fitos no médico:

— E ele, antes de quinta-feira, nunca então havia saído à rua?. . .

— Nunca, afirmou aquele. Fez todos os seus estudos e recebeu as ordens sem arredar pé do convento, ao qual o seminário é anexo. Seus dias, desde a mais tenra idade, foram todos, dedicados de corpo e alma aos livros santos e aos misteres da igreja.

— Então é um ente perfeitamente puro? interrogou ela.

— Puro como um anjo.

— É extraordinário! exclamou Margarida, sem poder conter o seu entusiasmo.

— É inacreditável! disse Sofia, meneando a cabeça com um gesto de incredulidade.

Gabriela Vanguyon soltou um suspiro e