deixou escapar esta frase, que fez rir a sociedade:
— Um homem puro em Paris! A dois passas de nós!. . .
E o Dr. Cobalt, que saboreava o efeito da notícia da castidade de Ângelo sobre aquelas mulheres, cujo olfato já de há muito se tinha esquecido do delicioso perfume da flor de laranjeira, acrescentou, para alfinetar-lhes as fibras da admiração:
— Um homem puríssimo, virginal! Imaculado como a Virgem Santíssima! Um homem completamente inocente, sem a menor idéia do que seja sociedade, nem paixões mundanas, nem sexos, nem. . .
— Nem sexos?! inquiriu Gabriela, escancarando os olhos, sinceramente pasmada.
— Nem nada! nada! nada! respondeu o médico, sorrindo e apertando os lábios. Nada, minhas adoráveis pecadoras! Mas o que se chama "nada"!
— Estudava e lia muito, não é verdade, Dr. Cobalt?. . . quis saber Margarida Duclos.
— Sim, mas só cousas sagradas. . . biografias de santos, anedotas religiosas e dissertações espirituais. . . Ora, sucedeu por acaso que essa mísera criança, que o mesmo acaso atirou às mãos do padre Ozéas. dispusesse das mais valentes faculdades mentais, e, não conhecendo ela outro meio além daquele em que vegetou, e, não