— Então, meu filho, disse o velho com voz segura; continua a tua perturbação?. . .
Ângelo não deu resposta.
— Vamos! Fala!
— Sim, meu pai, tartamudeou o pobre moço, volvendo para ele os olhos inocentes. E peço-lhe que me deixe a sós; preciso concentrar-me, até voltar à minha primitiva tranqüilidade. . .
O velho insistiu, segurando-lhe as mãos e fitando-o, como se procurasse arrancar-lhe pelos olhos a confissão da revolta que lhe ia na alma.
— Mas como explicar semelhante perturbação?. . . exclamou ele. Pois então justamente hoje, hoje que tua alma devia, melhor que nunca, resplandecer de santo júbilo; hoje, que deste o teu último passo para chegar ao coração da igreja; hoje, que deste o teu supremo voto; hoje é que te sentes conturbado e aflito?!... Como explicar semelhante anomalia?!. ..
— Não sei. . . não sei. . . balbuciou Ângelo. Deixe-me ficar só, meu pai! Deixe-me conversar com a minha pobre alma!. . .
— Mas tu nunca faltaste a nenhum dos teus deveres. . . tornou o frade. Tu nunca pecaste, por palavras, nem por obras, nem por pensamentos. . . tu, que foste por bem dizer educado pela mão de Deus, porque até hoje te não afastaste uma linha do seu divino ritual. . . tu, que não tens sequer a idéia da culpa. . . tu, és tão inocente e tão puro como no dia em que te trouxe em meu colo