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Página:A mortalha de Alzira (1924).djvu/94

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Os espelhos tinham cercaduras de florinhas de porcelana, primorosamente acabadas e coloridas com muita arte. Era uma recordação do luxo de Luís XIV.

Em cima do fogão, dourado quase todo, havia um grande relógio de Boule, tirado por leões de ouro, entre várias lâmpadas e espevitadores também de ouro.

Nas paredes, forradas de uma tapeçaria azul celeste, destacavam-se suavemente, por cima das portas e contornando os móveis, desenhos do mesmo azul um pouco mais escuro, representando alegorias pastoris.

Prendiam a tapeçaria cordões de arame de prata entrançando, com grandes nós de espaço a espaço, terminando em amplas borlas do mesmo metal, que afinavam admiravelmente com os bordados das cortinas.

O tapete era felpudo e azul sombrio, à moda dos volutuosos tapetes da Turquia. Os batentes das portas eram forrados de veludo cor de pérola e fechavam como tampas de estojo.

Alzira, ainda em penteador, estendida negligentemente num divã fofo e rasteiro, fumava uma dourada cigarrilha oriental, e acompanhava distraída as espirais do fumo com as pálpebras semicerradas.

O relógio marcava meio-dia. Ela acabava de levantar-se do leito, onde fizera a sua refeição