— Laura!... Laura !...
E como sua amiga não a ouvisse, puxou-lhe pela manga.
— O que é, Amelia?
— Não vês? Aquelle moço que está ali defronte nos olhando.
— Que tem isto? disse Laura sorrindo.
— Não gósto! replicou Amelia com um movimento de contrariedade. A quanto tempo está ali e sem tirar os olhos de mim?
— Volta-lhe as costas!
— Vamos para diante.
— Como quizeres.
Avisado o cocheiro, avançou alguns passos, de modo á tirar ao curioso a vista do interior do carro; mas o mancebo não desanimou porisso, e passando de uma a outra porta, tomou posição conveniente para contemplar a moça com uma admiração franca e apaixonada.
Simples no trajo, e pouco favorecido a respeito de belleza; os dotes naturaes que excitavam nesse moço alguma attenção eram uma vasta, fronte meditativa, e os grandes olhos, pardos, cheios do brilho profundo e phosphorescente que naquelle momento derramavam pelo semblante de Amelia.