Página:A pata da Gazela.djvu/219

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Foi engolfado nestes devaneios que Horácio apeou-se à Rua Direita de um tílburi, que tomara no Largo do Machado.

Seguindo para a Rua do Ouvidor, a passo lento e descuidado, o leão aspirava o ar da cidade, como o ocioso que não sabe em que há de consumir o dia e fareja uma aventura qualquer.

De repente avistou coisa que o pôs alerta. Um carro que subia a Rua do Ouvidor passou por ele; era o cupê do Sales. O rosto encantador de Amélia apareceu-lhe a princípio de relance na penumbra que azulava o acolchoado de damasco, e depois em plena luz moldurado pelo quadro do postigo.

Acompanhando com o olhar a carruagem, Horácio a viu rodar por algum tempo vagarosamente por causa de embaraço no transito e parar próximo à esquina da Rua dos Ourives. O lacaio, com a mão na aldraba, esperava naturalmente ordem para abrir.

Horácio apressou o passo. Por duas vezes avistara a fronte de Amélia coroada com um chapeuzinho de palha da Itália, assomando no postigo, a fim de percorrer a rua com o olhar. A idéia de que a moça lhe desejava falar passou pela mente