prova o amor do noivo, antes de confiar-lhe seu destino.
Foi na sua alcova, durante a insônia, que ela recordou-se da história de Leopoldo, e comparou seu amor ao de Horácio. Repassando na mente as palavras comovidas do primeiro, pensando naquele afeto tão desprendido das misérias humanas, tão d,alma, Amélia sentia-se como purificada dos desejos do sedutor.
Esse amor puro e imaterial era um batismo para seu coração virgem.
A moça conheceu que o engano de Leopoldo provinha de uma ilusão da vista, no momento de entrar no carro com Laura; ilusão confirmada pela presença do lacaio na loja do sapateiro. Chegou a estimar esse incidente que pôs em relevo a alma nobre e generosa do mancebo.
Acudiu-lhe à lembrança sua primeira conversa em casa de D. Clementina. As palavras que então lhe pareceram ininteligíveis, tinham agora um sentido. Compreendia toda a sublimidade do coração que dizia com uma profunda convicção:
— Sinto-me capaz de amar o horrível, sinto-me capaz de nutrir uma dessas paixões mártires,