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Página:A pata da Gazela.djvu/230

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de amar o anjo ainda mesmo encarnado no aleijão.

— Esse me ama realmente, a mim, e não à sua fantasia! murmurou a moça com tristeza.

No dia seguinte, depois de uma noite de insônia, preparou-se para receber Horácio e submetê-lo à prova. O Matos conservava um par das antigas botinas de Laura, o qual lhe fora para modelo. Mandou Amélia buscá-lo; e encheu-o de algodão para acomodar nessa enormidade o seu mimoso pezinho.

O bordado do bastidor foi expressamente inventado. Procurando uma letra para indicar a pessoa a quem destinava o pretendido presente, insensivelmente traçou um L. Era a inicial de Laura, que lhe acudira à mente; ou era a lembrança de Leopoldo, que lhe esvoaçava ainda na imaginação? Foi uma e outra coisa. Serviu-se do pretexto da amiga para evocar o nome do homem, que tão profundamente a amava.

Depois da cena que teve lugar na tarde do jantar, Amélia arrependeu-se. Receava ter-se excedido; bastava-lhe matar a ilusão do mancebo, não devia ter excitado o horror. Mas o afeto de Leopoldo a tornara exigente; ela queria ser