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Tornou a fechar as cortinas e entrou na sala onde estivera a princípio, aí abriu uma janela e saltou no jardim.

Seguiu pela ladeira abaixo; a noite estava escura ainda; mas pouco faltava para amanhecer.

Debaixo da janela esclarecida do aposento de Carolina destacou-se um vulto que seguiu o moço a alguns passos de distância.

A pessoa, qualquer que ela fosse, não desejava ser conhecida; estava envolvida em uma capa escura e tinha o maior cuidado em abafar o som de suas pisadas.

Jorge ganhou a rua da Lapa, seguiu pelo Passeio Público e dirigiu-se à praia de Santa Luzia.

O dia vinha começando a raiar; e o moço, que temia ver esvaecerem-se as sombras da noite antes de ter chegado ao lugar para onde se dirigia, apressava o passo.

O vulto o acompanhava sempre a alguma distância, tendo o cuidado de caminhar do lado do morro, onde a escuridão era mais intensa.

Quando Jorge chegou ao lugar onde hoje se eleva o hospital da Misericórdia, esse lindo edifício que o Rio de Janeiro deve a José Clemente Pereira, o horizonte se esclarecia com os primeiros clarões da alvorada.

Um espetáculo majestoso se apresentava diante de seus olhos; aos toques da luz do sol parecia que essa baía magnífica se elevava do seio da natureza com os seus rochedos de granito, as suas encostas graciosas, as suas águas límpidas e serenas.

O moço deu apenas um olhar a esse belo panorama e continuou o seu caminho.

O vulto que o seguia tinha desaparecido.