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Página:Alfarrabios.djvu/312

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vestido, e em jejum rigoroso, mas combatendo sempre os inimigos da fé. Vós não tendes voto a cumprir nem pecado a remir, sois livres, tomai o batel, recebei o abraço de vosso capitão, e deixai que se cumpra a sua sina.

A maruja abaixou a cabeça e ouviu-se um som rouco; era o pranto a romper dos peitos duros e calosos da gente do mar:

— Não há de ser assim! clamaram todos. Juramos acompanhar o nosso capitão na vida e na morte; não o podemos desamparar, nem ele despedir-nos para negar à gente a sua parte nos trabalhos e perigos. Sua sina é a de todos nós, e a deste navio onde havemos de acabar, quando o Senhor for servido.

Abraçou-os o corsário; e ficou decidido que toda a tripulação acompanharia seu comandante no voto e na penitência.

No dia seguinte cortaram os marujos o pano de umas velas rotas que tiraram no porão e arranjaram esclavinas para vestirem, fazendo as cruzes com dous pedaços de corda atravessadas.

Ao pôr do sol cantavam o terço ajoelhados à imagem de Nossa Senhora da Glória, ao qual levantou-se um nicho com altar, junto do mastro