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Na minha sepultura, eu me sinto asphixiar pelo silencio, que me é mortalba. Quando alguma vez o borborinho do mundo penetra aqui, é para despertar a modorra da agonia.

A noite desce, como a lousa fria e negra. Ah! si como ella me trouxesse o repouso!... Mas é só morte ao coração, á fé, á crença. A dor vive em meu cadaver.

Quando tu aqui estavas, vinham ainda ver-te algumas velhas amigas de infancia. Tão santa cousa é a affeição!... Vencia o receio e a repugnancia que eu lhes inspirava.

Agora, ninguem virá. Luiza não póde, nem deve. É minha irmã; mas é mãi. Não o fora, que eu lhe pediria para não vir. Soffreria mais da compaixão della, que não soffro do meu supplicio.

Amigos, nunca os tive. Parentes já não os tenho. Depois que morri, não me conhecem... Sim! conhecem-me, quando me fogem.

Maria, a nossa escrava, é o unico ser humano, com quem fallo. Ao menos tem a forma... Deve existir uma alma ali dentro.