que tomou-se de uma rebentinha, que parecia corrupio o estouvado, a girar de uma banda para outra.
Arranjou como pôde um pedaço de pergaminho de Flandres, tamanho de palmo; e depois de bem respançado, meteu-o na grade. Então, munindo-se das cores precisas, trancou-se em casa e ei-lo a esboçar a miniatura, em que punha toda sua arte.
Foi apalpando o branco com a laca e a sombra para fazer os encarnados,. até que se destacou em colorido a figura esboçada de um cupido brincão e gentil, armado em guerra, de arco e aljava. O pintor o figurava em ação de brandir uma seta, cuja ponta embebia na luz de uma estrela radiante em céu azul, para cravar um coração caído por terra e já crivado por um molho delas.
Terminado o colorido e bem apalpadas as sombras e realces, quando ia passar à iluminação, esqueceu-se que faltava-lhe pão d'ouro para o farpão das setas, e correu à tenda do Belmiro a pedir-lhe um tantinho dele; de caminho foi arranjando o conto que lhe havia de fazer, para ocultar o verdadeiro fim.
De volta, achou-se em branco o nosso Ivo. Tinha-lhe desaparecido o painel, sem deixar indícios