lo cá. Em o vendo, logo conheço se é verdade.
— A senhora pode experimentar.
— Deixe estar que ninguém me logra.
A esse tempo travara-se entre a Miquelina e a Engrácia renhida disputa a respeito do painel.
— Mas, senhora, dizia a Miquelina, está-me catucando cá dentro que este não é o Menino Jesus!
— Quem há de ser então? O Arcanjo São Miguel?
— Também não. Quem diz que este painel é de devoção? A mim está-me parecendo pintura de pouca vergonha!
— Jesus! Que blasfêmia! Pois não está vendo as asas de querubim?
— Mas este coração aqui, assim todo crivado, como almofada de renda? Aqui há tafularia, senhora.
— O coração... Mas é para significar as tribulações que a gente passa antes de ganhar o céu. Estes são os espinhos...
— Espinhos não, são setas, e bem setas.
— Vem dar na mesma.
— Eu cá, não sei o que tenho; mas era capaz de jurar que isto não passa de bruxaria.