siva, ainda na rua, a senhora Benta. —«Muito bons dias, senhor Matheus... Já vê, corpo tem elle... O' rapaz, vê lá se entras com o pe dereito... Eu, por mim, o que queria era que elle nunca mais de cá saisse.»
O homem a quem a senhora Benta se dirigia era baixo, roliço e vermelho. Não usava gravata. Trazia fato de panno grosso, nacional, cuberto de nodoas tambem muito nacionaes. Um par de chinelas de ourêlo, esbeiçadas, punha o sello definitivo em tão typico exemplar do merceeiro lisboeta popular, por aquelles tempos.
De caderno e lapis em punho, o senhor Matheus apontava os fardos arremessados da carroca.
Interrompeu-se um momento com amabilidade.
— «Ora viva a minha flor!... Este então é o Serrano?... Tostado do sol vem elle!... O' rapaz, parece que te metteram no forno a assar...» — e aqui gargalhada estrepitosa.
— «As côres, logo as perde» — prometteu, conciliadora, a senhora Benta — «Posto aqui a sombra...»
— «Claro!» — conveiu o outro fungando com força e passando as costas da mão no nariz em