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Página:Alice Pestana (Caiel) - Retalhos de verdade (1908).pdf/106

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COLLECÇÃO ANTONIO MARIA PEREIRA

siva, ainda na rua, a senhora Benta. —«Muito bons dias, senhor Matheus... Já vê, corpo tem elle... O' rapaz, vê lá se entras com o pe dereito... Eu, por mim, o que queria era que elle nunca mais de cá saisse.»

O homem a quem a senhora Benta se dirigia era baixo, roliço e vermelho. Não usava gravata. Trazia fato de panno grosso, nacional, cuberto de nodoas tambem muito nacionaes. Um par de chinelas de ourêlo, esbeiçadas, punha o sello definitivo em tão typico exemplar do merceeiro lisboeta popular, por aquelles tempos.

De caderno e lapis em punho, o senhor Matheus apontava os fardos arremessados da carroca.

Interrompeu-se um momento com amabilidade.

— «Ora viva a minha flor!... Este então é o Serrano?... Tostado do sol vem elle!... O' rapaz, parece que te metteram no forno a assar...» — e aqui gargalhada estrepitosa.

— «As côres, logo as perde» — prometteu, conciliadora, a senhora Benta — «Posto aqui a sombra...»

— «Claro!» — conveiu o outro fungando com força e passando as costas da mão no nariz em