guisa de lenço. — «Anda rapaz, chegas mesmo na conta... Larga ahi a traparia e põe-te a trabalhar... Esses fardos ahi arrimados a eito por essa parede arriba.»
Logo que deu militarmente esta ordem, o senhor Matheus voltou á faina de contar o bacalhou. — «Doze... trese...»
O rapazinho decerto entendeu por traparia o saquito, o chapeo e o cajado.
Largou tudo aquillo no chão e poz-se, com certo ar displicente, a carregar fardos de bacalhau para o fundo da loja. Seguia-o, inflexível, o olhar escrutador da tia Benta, empenhado em decifrar desde o primeiro momento, se o marçano era burro capaz de dar carreira direita. Notou-lhe o franzido do apparelho olfactivo e agourou mal. Não descontava que o fartum do bacalhau devia repugnar a narinas avesadas ao aroma agreste das feteiras do Alva, do abitoiro, do sargaço, dos cachos vermelhos das tramaseiras silvestres. O contraste era brutal e não podia deixar de ser em desfavor do bacalhau.
O senhor Matheus. em quanto o carroceiro ageitava um cigarro, disse, com magestade cathedratica: «Fique descançada, senhora Benta. Hade-se-lhe fazer d'aqui um homem, quer elle