rentemente esquecido de que no mundo havia obrigações e tia Benta, passava a mão com enlevo pelo dorso magrinho de um gato preto, encarrapitado n'um dos fardos, a sorver com delicia o aroma que elle exhalava. Os dois pareciam contentes e unidos de mutua sympathia.
Estoirou uma explosão indignada.
— «O estafermo do rapaz! Nan querem lá ver! Maldito seja o diabo!... Assim é que tu fazes a óbrigação, grandecissimo malandro!.... Pois lá p'rá me envergonhares a cara, isso é que não!» — e para o Matheus — «O senhor não lh'as perdoe... Lá por eu estar presente!... Quem dá o pão dá o resto. Logo que as mereça é atiçar-lhe a pavana» — e fazia o gesto, meneando no ar a mão direita, estendida verticalmente.» — Em ultimo caso está a casa da Correcção.»
— «Já não topava arriba» — explicou frouxamente o mocinho, á laia de desculpa.
— «Arrimas a escada... Olha a dificuldade!» — interveiu, com certo ar digno, de ferrabrás, o senhor Matheus. — «Mas primeiro enxota para cá o bicho... Eh! che! Malandro! E bem malandro que elle é! Se te pesca ahi a patrôa, vaes zenindo para o fundo do Tejo com uma pedra ao pescôço...»