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LEWIS CARROLL

— É a coisa mais curiosa que pode haver! ajuntou o Grifo.

— Tudo sair diferente!... repetiu a Tartaruga, como se estivesse pensando em voz alta. Oh, peça-lhe que repita um pedacinho da conversa! disse ao Grifo, como se esta criatura tivesse alguma autoridade sobre a menina.

— Fique de pé e recite “A Vida do Vagabundo”, ordenou o Grifo.

— Como são mandonas estas criaturas! pensou Alice. Querem fazer-me repetir versos, como na escola... Mas apesar disso levantou-se e começou a repetir os versos que sabia de cor. Sua cabeça, entretanto, estêve por demais cheia de lagostas, de modo que cada vez que aparecia a palavra “vagabundo” ela dizia lagosta, e ficou uma grande trapalhada.

— Ésses versos são muito diferentes dos que aprendi na escola, disse o Grifo.

— Eu não os conhecia, mas devo dizer que me soam muito mal, acrescentou a Tartaruga.

Alice nada respondeu. Sentou-se e escondeu o rosto nas mãos, pensando: “Meu Deus! Será que nunca mais me acontecerá nada naturalmente?”

— Gostaria que ela se explicasse, disse a Tartaruga.

— Impossível. Esta menina nunca poderá explicar o que disse, declarou o Grifo. Continuemos com o recitativo. Vamos à segunda parte.

Embora na certeza de que ia recitar tudo errado, Alice não ousou desobedecer e continuou a dizer os versos com voz trêmula. Em meio, porém, a Tartaruga interrompeu-a.