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Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/21

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Lewis Carroll

e acabou bebendo tudo (de fato era apenas um licor de cereja muito bom.)

* * *

“Que coisa esquisita!” exclamou Alice. “Parece que estou a encolher-me tôda, como um óculo de alcance!”

E assim era. Estava encolhendo tanto, e tanto encolheu, que ficou de meio palmo de altura. Chegou a sentir-se nervosa, de mêdo de ficar pequenininha como tôco de vela de árvore de Natal.

Isso também não. Essas velas vão diminuindo, diminuindo, e de repente o pavio cai para um lado e era uma vez a vela. Extinguem-se. Não! Não! Não queria acabar a vida assim. E esperou uns minutos, muito ansiosa, a ver se parava de encolher. Felizmente parou em meio palmo. Ora graças!

Assim que se pilhou pequenininha, correu à portinhola com a idéia de ir ao jardim. Mas lembrou-se que a tinha fechado e pôsto a chave em cima da mesa. E agora? Como tirar a chave de lá? Alice tentou todos os meios. Tentou subir por uma das pernas da mesa; tentou pular. Nada conseguiu e, desesperada, sentou-se no chão e chorou.

De repente disse para si mesma: “Bôba! De que vale chorar?” Alice era menina inteligente e prática, das tais que costumam dar bons conselhos a si mesmas. Às vêzes chegava a ponto de repreender-se com tanta severidade que se punha a chorar. Uma vez estêve a ponto de castigar-se a si própria com pancadas — uma vez que cometeu um erro muito grave numa partida de croquet que estava jogando consigo mesma. Sim, consigo