Saltar para o conteúdo

Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/31

Wikisource, a biblioteca livre
30
LEWIS CARROLL

modo correto de dirigir-se a um Rato; nunca fizera semelhante coisa, mas lembrava-se que na gramática latina de seu irmão mais velho, que ela um dia abriu, havia um pedaço assim: “O rato, do rato, ao rato, ó rato.”

O Rato deitou-lhe um olhar cheio de curiosidade e piscou um dos olhinhos, sem nada responder.

“Talvez não entenda a minha língua” pensou Alice. “Talvez seja um Rato francês vindo com Guilherme, o Conquistador.” Alice conhecia muito mal a história dêsse rei e imaginava que fosse algum francês que ainda estivesse vivo e morando perto dali. Assim, repetiu a pergunta em francês, e como só sabia uma frase dessa língua, que era a primeira dum livro de leitura, disse: “Où est ma chatte?

O Rato, assim que ouviu aquilo, deu um pulo fora dágua e pôs-se a tremer de mêdo. Alice apressou-se em sossegá-lo: — Oh, desculpe, Senhor Rato! Esqueci-me que os senhores não gostam de gatos, nem de gatas.

— Está claro que não. Gostaria de gato você, se fosse uma ratinha?

— Talvez não, respondeu Alice com amabilidade. Mas não se irrite. É que tenho uma gatinha da qual nunca me esqueço e por isso não posso ter ódio aos gatos. Deixe estar que um dia hei de apresentar-lhe minha gatinha Diná. O senhor vai ficar adorando os gatos, se conhecer a Diná. Tão boazinha, tão macia e quietinha... continuou Alice, mais falando consigo mesma do que com o Rato, cheia de saudades que estava da Diná. — E como rosna bem! Rosna que nem música, com tôda a delicadeza, cada vez que a deito ao colo, perto do fogo, e lhe corro a mão pelo lombo. Gosta de lamber as