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Página:Alice no País das Maravilhas (Trad. Lobato, 8ª edição).pdf/55

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LEWIS CARROLL

— Por quê? indagou o Bicho-Cabeludo:

A pergunta embaraçou Alice, que não soube explicar porque devia o Bicho explicar-se primeiro; e como não o visse de muito bom humor, resolveu afastar-se daquele ponto.

— Venha cá, menina! gritou-lhe o Bicho. Tenho coisa muito importante a dizer.

Tentada na sua curiosidade, Alice voltou. Ao aproximar-se do Bicho êste lhe murmurou em tom mais amável: — Não se zangue.

— É tudo quanto tem a me dizer? observou Alice, um tanto desapontada com as frases curtas do Bicho.

Alice estava aborrecida, mas como não tivesse nada a fazer resolveu ficar por ali. Quem sabe se o Bicho mudaria de tom e lhe diria alguma coisa de proveito?

O Bicho permaneceu calado uns instantes, baforando o seu cachimbo. Depois descruzou os braços e, tirando o cachimbo da bôca, disse:

— Então pensa que está trocada?

— Creio que sim, respondeu Alice. Não posso lembrar-me das coisas que sabia, nem conservo o mesmo tamanho por mais de dez minutos.

— De que coisa não pode lembrar-se? perguntou o Bicho.

— De muitas. Daquela poesia que começa assim, por exemplo: Minha terra tem palmadas...

— Palmeiras, emendou o Bicho. Minha terra tem palmeiras onde canta o... Acabe!

— Onde canta o crocodilo, completou Alice.