— Se não pára de falar, é melhor que conte a história duma vez.
— Não, não! Por favor, continue! Prometo não interromper mais, disse a menina humildemente.
Menos aborrecido, o Rato do Campo continuou:
— As três maninhas aprenderam a tirar do poço...
— Quê?
— Doces! declarou o Rato, sem zangar-se com a nova interrupção.
— Quero uma xícara limpa! gritou o Chapeleiro. Vamos todos mudar de lugar. E levantou-se, seguido do Rato do Campo e da Lebre, trocando assim de lugar. Alice, muito contra a vontade, foi sentar-se no lugar da Lebre. Quem saiu lucrando com a troca foi o Chapeleiro, que ficou com as torradas da menina; e quem mais perdeu foi Alice, porque a Lebre havia derramado todo o leite da sua leiteira na mesa.
A menina não queria novamente ofender o Rato com as suas interrupções, mas não resistiu à tentação de perguntar:
— Mas como tiravam elas o doce do poço?
— Assim como se tira água dum poço dágua assim também se tira doce dum poço de doce, explicou o Chapeleiro.
— Mas as irmãs estavam no fundo do poço e não fora dêle! objetou Alice.
— Isso lá é verdade, confirmou o Rato do Campo, deixando Alice tão aturdida que resolveu calar-se e não mais perguntar coisa alguma. O contador da história, já com os olhos pesados de sono, bocejava, esfregava a cara e dizia, continuando a sua horrível narração: