Hoje aparece em português. Traduzir é sempre difícil. Traduzir uma obra como a de Lewis Carroll, mais que difícil, é dificílimo. Trata-se do sonho duma menina travêssa — sonho em inglês, de coisas inglêsas, com palavras, referências, citações, alusões, versos, humorismo, trocadilhos, tudo inglês, isto é, especial, feito exclusivamente para a mentalidade dos inglesinhos.
O tradutor fêz o que pôde, mas pede aos pequenos leitores que não julguem o original pelo arremêdo. Vai de diferenças a diferença das duas línguas e a diferença das duas mentalidades, a inglêsa e a brasileira.
Há dois anos o original manuscrito de “Alice in Wonderland”, do próprio punho do autor, apareceu num leilão de
livros velhos em Londres. Vários pretendentes o disputaram, entre êles o Museu Britânico, que havia destinado para a sua aquisição uma verba de 12.500 libras esterlinas. Essa verba foi insuficiente. Um americano apareceu, que lançou mais e afinal ficou com o manuscrito pela quantia de 15.400 libras, ou 75.259 dólares. Qualquer cousa como um milhão e quinhen-