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ALICE NO PAÍS DO ESPELHO

Isso mesmo. Você está com as pétalas sôltas porque já anda murchando, opinou a Rosa.

A idéia que as flores faziam a seu respeito não agradou à menina, que ainda uma vez tratou de mudar de assunto.

— Mas vamos lá, disse ela. Essa tal criatura aparece sempre por aqui? perguntou.

— Creio que iremos vê-la dentro em breve. Usa coroa.

— Onde?

— Na cabeça. Onde mais? Só me admiro de que você também não use coroa. Supus que tôdas as criaturas da sua espécie as usassem.

— Lá vem ela! gritou de repente um goivo. Ouço-lhe o tunque-tunque dos passos no pedregulho.

Alice olhou na direção apontada e viu a Rainha Negra do xadrez. “Está mais crescida”, observou consigo notando que em vez das três polegadas, que tinha quando a salvou das cinzas da chaminé, estava ela agora mais alta cinco palmos.

— Foi o ar puro dêste jardim que fêz isso, explicou a Rosa. O nosso ar aqui é uma maravilha!

Apesar do gôsto que tinha em conversar com as flôres, Alice achou mais interessante ir dar uma prosa à Rainha e despediu-se.

— Não vá por aí, disse a Rosa. Se quer encontrar-se com ela, siga pelo caminho oposto.

Tal recomendação pareceu à menina tolice; entretanto calou-se e continuou a caminhar na direção da